Trajetória da Mulher na Engenharia Civil

Trajetória da Mulher na Engenharia Civil

A trajetória da mulher na engenharia civil, assim como em muitas outras áreas, foi marcada por desafios e restrições ao longo da história.

A norte americana Elizabeth Bragg é um exemplo inspirador de superação dessas barreiras. Ela se formou em engenharia civil em 1876 na Universidade da Califórnia, tornando-se a primeira mulher a obter esse título nos Estados Unidos. Naquela época, as mulheres enfrentavam várias restrições ao acesso à educação superior. A permissão para se matricular em cursos universitários só foi formalmente concedida em 1879. Mesmo após essa concessão, as mulheres ainda enfrentaram obstáculos, como a necessidade de permissão dos pais para as solteiras e dos maridos para as casadas. Essas barreiras não estavam limitadas apenas à engenharia civil, mas eram características de uma sociedade que, por muito tempo, limitava o papel das mulheres em várias esferas, incluindo a profissional.

Maria Tereza Mota, Superintendente de Engenharia e Camila Ferreira, Engenheira Civil da Gontijo Fundações em canteiro de obra - Trajetória da Mulher na Engenharia Civil.

Maria Tereza Mota, Superintendente de Engenharia e Camila Ferreira, Engenheira Civil da Gontijo Fundações em canteiro de obra.

A história de Emily Warren também é inspiradora e destaca a resiliência e habilidades das mulheres na engenharia, especialmente durante períodos desafiadores. Emily desempenhou um papel crucial na conclusão da Ponte do Brooklyn em Nova York. Quando seu marido, ficou incapacitado devido a uma doença durante a construção da ponte, Emily assumiu a supervisão da obra. Ela não tinha formação formal em engenharia, mas adquiriu conhecimento prático e teórico sobre engenharia civil enquanto trabalhava ao lado do marido. Emily desempenhou um papel fundamental na coordenação e na comunicação entre os engenheiros, trabalhadores e autoridades, garantindo o sucesso da construção da ponte.

Retrato de Emily Warren Roebling por Carolus-Duran, Brooklyn Museum - Trajetória da Mulher na Engenharia Civil.

Retrato de Emily Warren Roebling por Carolus-Duran, Brooklyn Museum

Durante a primeira e a segunda guerra mundial, a falta de mão de obra masculina abriu oportunidades para que as mulheres fossem treinadas em áreas específicas da engenharia. Essas mulheres, muitas das quais também não tinham formação formal em engenharia, desempenharam papéis essenciais em diversas indústrias, contribuindo para a produção de equipamentos militares e avanços tecnológicos.

O contexto das guerras desempenhou um papel fundamental na mudança de percepção em relação ao papel das mulheres na engenharia e tecnologia. À medida que as mulheres demonstravam suas habilidades e competências nessas áreas, as atitudes sociais começaram a evoluir, abrindo caminho para uma maior participação feminina em diversos ramos da engenharia, desde a engenharia civil até a aeroespacial.

Ana Luiza Oliveira, Engenheira Civil na Gontijo Fundações - Trajetória da Mulher na Engenharia Civil.

Ana Luiza Oliveira, Engenheira Civil na Gontijo Fundações.

O primeiro curso formal de engenharia no Brasil foi inaugurado em 17 de dezembro de 1792, data de criação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, no Rio de Janeiro.  

Mais de 100 anos depois, em 1917, Edwiges Maria Becker Hom’meil tornou-se a primeira engenheira do país, formada pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro.  Sua determinação e paixão pelo campo a levaram a superar obstáculos e preconceitos. Seu legado é um testemunho inspirador da capacidade feminina de alcançar grandes feitos.

Outra brasileira, Enedina Alves Marques, filha de um lavrador e uma empregada doméstica, escreveu seu nome na história como a primeira engenheira negra do Brasil. Sua graduação em engenharia civil, alcançada em 1945 na Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi apenas o começo de uma carreira marcada por feitos notáveis. Entre eles, destaca-se sua contribuição para a construção da Usina Capivari-Cachoeira, hoje conhecida como Usina Governador Pedro Viriato Parigot de Souza, na cidade de Antonina no Paraná.

Enedina Alves Marques Foto: Arquivo Público Municipal Maria da Glória Foohs

Enedina Alves Marques Foto: Arquivo Público Municipal Maria da Glória Foohs

O papel das mulheres na engenharia civil no século XXI reflete uma mudança em direção à diversidade e inclusão, com mulheres desempenhando papéis fundamentais na construção e na solução de desafios urbanos e ambientais. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mulheres atuando nesse campo aumentou significativamente nos últimos anos, representando aproximadamente 30% da força de trabalho total. À medida que a sociedade continua a reconhecer e valorizar a diversidade, espera-se que mais mulheres encontrem oportunidades para prosperar e liderar no campo da engenharia civil.

Amanda Alves, Engenheira Civil da Gontijo Fundações

Amanda Alves, Engenheira Civil da Gontijo Fundações.

Essas histórias destacam como as mulheres, mesmo diante de restrições e desafios, conseguiram superar obstáculos e contribuir de maneira significativa para o campo da engenharia. Seus feitos ajudaram a pavimentar o caminho para futuras gerações de mulheres engenheiras.

Leia também nosso blogpost “Mulheres na Engenharia Civil” clicando aqui.

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